Scroll Top
Av. Senador Lemos, Umarizal, Belém/Pará

Vai fazer ENEM no domingo? Professor de português dá dica para a redação

Na hora da redação, diante da folha em branco, como começar a escrever? O professor Diogo Arrais ensina como exercitar a criatividade e a escrita


Sensação entediante é estar frente a uma página em branco – no escritório ou na sala de aula – e perceber faltar a ideia. São aqueles vários começos e recomeços alimentadores da insatisfação. Todos os escritores já passaram por isso.

Há uma analogia da qual gosto muito: escrever é como tocar Piano. Existem os que se esforçam para o estudo da Música; os que – mesmo sem tamanho talento – praticam a ponto de profissionalizarem-se; os que têm professores; os que conseguem brotar amor pelo que fazem.

Por que preciso escrever? Porque o meu ofício exige isso; com a fina escrita, posso ser visto; meu sonho pode transformar-se em realidade; as palavras bem-educadas garantirão uma comunicação admirada; com admiração, um profissional estará sempre (ou durante muito tempo) na memória das pessoas.

Desconheço quem não dobra os joelhos à elegância da caneta, às sutilezas da inversão oracional, ao tempero de determinada ironia, à educação de vocativos racionais, ao fechamento chique. Um ser consciente do poder vocabular passa a ganhar asas, a ver sentimento, a saber a força do sinestésico, a pensar mais antes de quaisquer registros, a pesquisar para conferir autenticidade, a agradar sem bajular hipérboles malfeitas.

E quando faltar a ideia? É abrir um poema de Drummond e observar atento o radical do termo “restaurante”: restaure-se. Quando o tanque criativo estiver quase vazio, é embebedar-se da Literatura. Sugiro Crônicas, Poemas, Romances Clássicos, Contos. O mais importante – neste parágrafo de orações tão curtas – é: seja curioso e detalhista. Abrace uma nova palavra, como se conhecesse uma nova pessoa; é essa aparente loucura, nada literal, que engravidará sua percepção de Escrita: o processo demorará meses, mas enfim chegará o dia…o dia em que o aplauso encontrará sua habilidade comunicativa; o dia em que muitos perguntarão a você: “Onde diabos você consegue achar tantos novos termos, lágrimas e ideias?”

Será hora das respostas clichês: valorize o dicionário; faça como o Buarque e tenha um Analógico; leia Manoel de Barros; estude a Gramática de sua Língua, como se estudasse a estratégia de uma batalha; treine, treine e treine, a recompensa vocabular virá.

Sem a consciência do plural, a mensagem pode (e até deve) chegar; sem a devida pontuação, um texto também seguirá o seu destino; até mesmo sem quaisquer processos normativos, quaisquer ideias hão de levar o pensamento a algum lugar. No entanto, a pergunta do escritor (também locutor) pode ser: “Como minha palavra chegará àquele tímpano? Como causarei determinada reflexão? Como atingirei meu objetivo (pessoal ou profissional) usando tais sílabas, tons e construções?”

Um homem ciente da palavra polida não apenas convence: adentra respeitosamente o coração alheio, ansioso (deixo uma proposital ambiguidade com esse termo no masculino) para mudar, aprender e ajudar.

Um grande abraço, até a próxima e inscreva-se no meu canal!

Por Diogo Arrais, Professor de Português (@diogoarrais)

Deixe um comentário

Preferências de Privacidade
Quando você visita nosso site, ele pode armazenar informações através de seu navegador de serviços específicos, geralmente na forma de cookies. Aqui você pode alterar suas preferências de privacidade. Observe que o bloqueio de alguns tipos de cookies pode afetar sua experiência em nosso site e nos serviços que oferecemos.