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Google, Facebook e uma questão: empresas podem obrigar a tomar vacina?
Empresas de tecnologia, as primeiras a adotar o home office no início da pandemia, começam a determinar que funcionários estejam imunizados para retorno ao escritório
Tempo de leitura: 3 min


(Andriy Onufriyenko/Getty Images)

Em meio à estagnação da vacina nos Estados Unidos, gigantes como Google, Facebook e Netflix anunciaram medidas próprias. As três gigantes do setor de tecnologia disseram que vão requerer a vacinação de seus funcionários para que possam retornar aos escritórios e às atividades presenciais. A preocupação com variantes super-transmissíveis, como a Delta, também está na base da decisão.

O Google foi o primeiro a anunciar a medida, na quarta-feira, e foi seguido pelo Facebook, algumas horas depois. A Netflix diz que a vacina será obrigatória em sets de filmes e produções da companhia.

De certa forma, os Estados Unidos vivem um problema avesso ao brasileiro. Se por aqui faltam as doses, por lá faltam os interessados em dar o braço a elas. Uma análise publicada no periódico Nature Medicine relata que países de renda baixa e média querem receber a vacina contra o coronavírus mais do que regiões mais ricas, onde a quantidade de imunizantes é abundante.

Nesse sentido, é possível que muitos dos funcionários dessas grandes empresas não tenham se imunizado ainda — de acordo com dados da Bloomberg, 49,3% dos americanos estão completamente imunizados, número que o país tem encontrado dificuldades em aumentar. Alguns estados e cidades têm oferecido valores em dinheiro para aumentar os níveis de imunização e conter o coronavírus.

As empresas que agora demandam a vacinação de funcionários são as mesmas que, há pouco mais de um ano, botaram a força de trabalho em casa. Google e Facebook, por exemplo, estiveram entre as primeiras a adotar um modelo de trabalho remoto, dando espaço para que outras empresas, menos afeitas a esse modelo, pudessem também migrar.

A iniciativa delas de requerer a imunização para garantir a saúde no ambiente de trabalho pode ter um impacto semelhante nesse sentido: abrindo o caminho para que outras empresas também determinem que seus funcionários recebam o esquema vacinal completo antes de retornarem ao trabalho presencial.

Embora a discussão esteja centrada nos Estados Unidos, o Google, por exemplo, disse que pretende expandir a medida para outros países nos próximos meses, conforme permitir a legislação.

E justamente por isso esse é um debate que pode chegar ao Brasil. Por aqui, a Justiça Trabalhista já garantiu a um hospital o direito de demitir por justa causa uma funcionária que se recusou a tomar a vacina.

Em fevereiro deste ano, o Ministério Público do Trabalho (MPT) já tinha orientado que os trabalhadores que se recusassem a tomar vacina contra a covid-19 sem apresentar razões médicas documentadas poderiam ser demitidos por justa causa. No final do ano passado, o plenário do STF entendeu que a vacinação compulsória era constitucional.

No Brasil, apenas pouco mais de 20% da população adulta está completamente vacinada contra a covid-19 e esse tipo de discussão ainda é incipiente. Mas, conforme a imunização avançar e o medo de novas ondas da covid-19 estiver presente, a discussão sobre vacinação compulsória de funcionários tem tudo para tomar fôlego.

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