
Altas remunerações, trabalho com propósito e vagas nas maiores instituições do mundo. Em plena ascensão, apesar de todas essas vantagens, o mercado ESG ainda sofre para preencher suas vagas com profissionais qualificados.
A sigla ESG (Environmental, Social and Governance — em português, Ambiental, Social e Governança) foi utilizada pela primeira vez no relatório Who Cares Wins (“Quem se Importa Ganha”), feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2005. Na prática, esse conceito defende que a lucratividade de um negócio está diretamente relacionada à construção de uma operação sustentável ambiental e socialmente.
A verdade é que os investidores estão colocando mais fatores na balança, além do lucro e dos resultados, na hora de escolher em quais empresas investir.
Afinal, que investidor não prefere alocar o seu dinheiro em empresas que prezam por uma boa gestão, por transparência, pela responsabilidade ambiental e pela garantia de bem-estar e respeito para os ‘stakeholders’ (investidores, fornecedores, clientes e comunidade)?
Alta demanda e pouquíssima concorrência
Nessa lógica, as empresas passaram a entender que seria impossível continuar crescendo e atraindo clientes e investimentos sem colocar as práticas ESG como prioridade. Como consequência, um movimento global: a explosão de ofertas de emprego na área.
Segundo o CFA Institute, uma organização pioneira de profissionais das áreas de finanças e investimentos, em janeiro deste ano havia pouco mais de 16 mil profissionais certificados em ESG em todo o mundo. Em contrapartida, em uma busca recente feita no LinkedIn, as vagas disponíveis mundialmente já ultrapassavam a marca de 34 mil.
Essa demanda é explicada, em boa parte, pela valorização do mercado nos últimos anos. De acordo com levantamento realizado pela Bloomberg, o mercado global de ativos ESG — que hoje corresponde a US$ 30 trilhões — deve bater a casa dos US$ 53 trilhões até 2025. Além disso, segundo pesquisa recente feita pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), 95% das empresas já têm o tema ESG como prioridade.
Mas o mercado não encontra profissionais. Nos Estados Unidos, são em torno de 10 mil. No Brasil, este número é menor ainda. Em um relatório recente, a partir da análise dos perfis de 1 milhão de profissionais de investimentos no LinkedIn, o CFA Institute constatou que menos de 1% tinha formação na área de ESG.
Segundo a head de ESG da EXAME, Renata Faber, “essa ‘habilidade do futuro’ abre portas para cargos de confiança e salários mais altos sem abrir mão de um trabalho com propósito. É uma chance de se sentir feliz trabalhando e ainda ser muito bem remunerado por isso. Quem se especializa, dificilmente fica sem emprego.”
E as remunerações acompanham a valorização do mercado. Conforme a demanda aumenta e a oferta de profissionais se mantém estagnada, os salários aumentam a ritmos exorbitantes. Hoje, um profissional qualificado na área, mesmo sem dezenas de anos de experiência, pode chegar a ganhar entre R$ 15 mil e R$ 25 mil ao mês.
Como dar o primeiro passo rumo à carreira em ESG?
Apesar de “experiência prévia em ESG” não estar entre as exigências para começar a trabalhar no setor, ensino superior e especialização na área costumam aparecer entre os pré-requisitos.
Isso significa que, desde que estejam dispostos a se aprofundar e se especializar no assunto, profissionais de diferentes áreas de formação podem encontrar no ESG uma oportunidade de mudar de carreira, alcançar cargos e salários promissores e, também, trabalhar com mais propósito e qualidade de vida.