A maioria dos brasileiros ficaria de boca fechada se visse algo antiético ser praticado no seu ambiente de trabalho.
Pelo menos é o que aponta uma recente pesquisa do CPDEC (Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada), em parceria com o NEIT (Núcleo de Economia Industrial e Tecnologia da Unicamp), que ouviu mais de 800 funcionários de empresas públicas, privadas ou de capital misto.
Segundo o estudo, nada menos que 90% dos profissionais se calariam se observassem uma conduta inapropriada. O dado é significativo – sobretudo num momento em que as discussões sobre ética ganham fôlego na sociedade brasileira.
A corrupção, aliás, aparece no estudo: 48% dos entrevistados afirmam que seus empregadores dão contribuições impróprias a agentes governamentais com frequência ou às vezes.
As razões para preferir o silêncio diante dos malfeitos vão do medo de retaliação por parte de gestores e colegas à convicção de que nenhuma medida corretiva seria aplicada.
Veja os dados:
76% das empresas, entre privadas e públicas, têm códigos de ética.
66% das empresas oferecem ferramentas anônimas para funcionários reportarem condutas antiéticas.
90% dos profissionais não reportariam condutas antiéticas no ambiente de trabalho.
92% dos profissionais não se manifestariam por medo de que a confidencialidade seja quebrada.
97% dos profissionais não se manifestariam por medo da retaliação de gestores ou colegas.
94% dos profissionais não se manifestariam por crer que nenhuma medida corretiva seria tomada.
85% das empresas praticam ações de discriminação (racial, sexual, etc.) com frequência ou às vezes, segundo os funcionários.
48% das empresas dão contribuições impróprias para agentes governamentais com frequência ou às vezes, segundo os funcionários.
69% das empresas manipulam dados e informações financeiras para mascarar resultados, segundo os funcionários.
59% das empresas mentem para os clientes, fornecedores e público em geral com frequência ou às vezes, segundo os funcionários.
20% dos profissionais já viram colegas praticarem bullying ou assédio (moral ou sexual) frequentemente ou às vezes.
59% dos profissionais já viram, ao menos uma vez, roubos ou furtos no ambiente de trabalho.
41% das empresas já propuseram pelo menos uma vez reuniões em locais impróprios, como bares ou casas noturnas, segundo os funcionários.
62% dos profissionais já viram colegas usarem recursos da empresa para fins pessoais frequentemente ou às vezes.